Transtornos de Neurodesenvolvimento
(TDAH e TEA)
Psiquiatra e Psicoterapeuta da infância, adolescência e idade adulta
Os Transtornos do neurodesenvolvimento são condições que afetam o desenvolvimento do sistema nervoso central e do indivíduo,
causando dificuldades em áreas como linguagem, aprendizado, comunicação, comportamento, regulação emocional e habilidades sociais. Esses transtornos geralmente se manifestam na infância e podem persistir ou deixar marcas até a vida adulta, variando em gravidade e impactando a vida diária das pessoas de diferentes maneiras. Com o apoio adequado, muitas vezes é possível
melhorar a qualidade de vida e ajudar as pessoas a alcançarem seu potencial máximo e terem liberdade de escolha mesmo na vigência do quadro neuropsiquiátrico.
Como é a abordagem do Dr. Lucas Rocha?
Pesquisando através do brincar com as crianças ou de uma comunicação acolhedora com os adultos, é possível realizar um exame psíquico com boa sensibilidade que orienta o diagnóstico. Além disso, a conversa com familiares e/ou responsáveis também auxilia na construção de uma biografia daquele indivíduo, possibilitando o diagnóstico mais assertivo.
Após essa etapa é feito um planejamento de intervenções multidisciplinares (psicoterápicas, fonoaudiológicas, psicofarmacológicas, ocupacionais, etc) que possibilitem a melhora gradual e a devolução de liberdade de desenvolvimento para aquele indivíduo, dentro do máximo de suas capacidades, minimizando prejuízos e sofrimentos.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
Sintomas
O TDAH apresenta sintomas divididos em três esferas principais: desatenção, impulsividade e hiperatividade. A partir desses prejuízos, que podem variar de intensidade de um indivíduo para o outro, são reconhecidas marcas em outras esferas de desenvolvimento: aprendizado, comunicação, habilidades sociais, controle inibitório, capacidade de planejamento, inteligência, memória, etc. Cada indivíduo, a partir de sua carga genética e experiências ambientais, desenvolverá um cluster de sintomas diferentes mas que tem como centro principal a disfunção dopaminérgica desde idades precoces da vida. É importante saber que muitos destes sintomas podem aparecer em outros contextos de saúde mental, sem tratar-se de um diagnóstico de TDAH, mas de sintomas secundários a outras condições como exaustão psíquica, depressão e ansiedade.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, feito por médico psiquiatra capacitado, podendo lançar mão de avaliações multidisciplinares (como neuropsicológico) para quantificar prejuízos e sintomas. São necessários 6 ou mais sintomas de cada esfera por mais de 6 meses, sendo que muitos já precisam estar presentes na infância e não são explicados por outro diagnóstico psiquiátrico. Como dito anteriormente, muitos dos sintomas de TDAH podem surgir por conta de outras condições psicossociais e devem ser avaliadas pelo profissional médico.
Alguns conjuntos de sintomas presentes no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5a Edição (DSM-V) serão descritos a seguir como forma de ilustrar alguns elementos que podem compor o diagnóstico:
- Distração e descuido: Pode ter dificuldade em prestar atenção a detalhes e cometer erros descuidados em tarefas escolares, no trabalho ou em outras atividades.
- Desatenção: Pode ter problemas para manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer e parecer não ouvir quando falado diretamente.
- Desorganização: Pode ter dificuldade em organizar tarefas e atividades, evitando iniciar tarefas que exigem esforço mental sustentado. Também pode perder coisas necessárias para tarefas ou atividades e esquecer atividades diárias.
Hiperatividade e Impulsividade: Pode ser inquieto, agitando as mãos ou os pés, se contorcendo na cadeira, levantando-se quando se espera que permaneça sentado e correndo ou escalando em situações inapropriadas. Além disso, pode responder antes que as perguntas tenham sido concluídas e ter dificuldade em aguardar sua vez.
Tratamento
O tratamento envolve uso de medicações com efeito dopaminérgico suprindo a pouca atividade desse neurotransmissor nos córtices frontal e pré-frontal, principalmente. As medicações utilizadas podem envolver os estimulantes ou não estimulantes . Além disso, outras medicações podem ser utilizadas em casos mais graves para reduzir riscos de danos a si ou aos demais, alterações de sono, alterações de humor ou ansiedade que acompanham quadros de TDAH. É necessário, contudo, a realização de atendimento psicoterápico individual e/ou de grupo, avaliando possibilidade de treino de habilidades e atendimento psicopedagógico quando necessários. Quando trata-se de crianças pequenas com atrasos de neurodesenvolvimento (fala, motor, etc) intensificados pela sintomatologia atencional, pode-se lançar mão de tratamentos fonoaudiológicos, ocupacionais, fisioterápicos, etc.
Em quadro de crianças e adolescentes faz-se também necessário uma modalidade de atendimento familiar, como por exemplo o Treino Parental, para familiarizar os pais com os sintomas e torná-los agentes ativos no tratamento e cuidado do jovem. É importante informar que nem todo indivíduo com TDAH terá necessidade de uso de medicações para o resto da vida. Com o tratamento e desenvolvimento, muitos dos sintomas podem ser minimizados por estratégias individuais ou aprendizados cognitivos de cada um, por isso é importante a avaliação e individualização do tratamento multidisciplinar.
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Sintomas
O TEA tem como sintomas indispensáveis àqueles relacionados à comunicação e linguagem, estando presentes desde a primeira infância. Neste cluster de sintomas, encontramos uma vasta mistura que pode apresentar atraso de aquisição da fala, dificuldades na compreensão de metáforas e ironias, pouca expressão melódica ou entonação vocal, expressões de linguagem inadequadas para o contexto social, dificuldades de compreensão de convenções sociais (roupas, comportamentos, posturas, etc), dificuldade na construção/manutenção/finalização de relações sociais, dificuldades nos reconhecimentos de emoções ou na expressão emocional, prejuízos no interesse das relações interpessoais, etc.
Além destes elementos, podemos encontrar também uma mistura de sintomas relacionados a estereotipias motoras ou vocais, interesses restritos e atípicos para a idade, rigidez de comportamentos e rotina, hipo/hipersensibilidades. Como o autismo é um diagnóstico de espectro, podemos ter diferentes combinações de sintomas que podem expressar o transtorno, contudo muitos indivíduos podem apresentar características qualitativamente semelhantes aos sintomas de autismo sem ter o transtorno. O Espectro ampliado do TEA, que acompanha familiares de primeiro grau de indivíduos com TEA, pode aumentar a probabilidade do indivíduo ter critérios diagnósticos sem apresentar de fato o transtorno.
Diagnóstico
O Diagnóstico de autismo deve ser feito por profissional médico (Psiquiatra, Neuropediatra, Pediatra do Desenvolvimento, etc) capacitado para tal, envolvendo obrigatoriamente critérios A (prejuízos de comunicação e linguagem) com combinação de critérios B (interesses restritos, rigidez de comportamento, estereotipias motoras/vocais, hipo/hipersensibilidades), estando os prejuízos presentes desde a primeira infância e a partir do momento que a demanda social evidencie os sintomas.
Deve-se classificar o autismo com 3 níveis de suporte (nível 1: requer apoio, nível 2: requer apoio substancial e nível 3: requer apoio muito substancial). Além disso, deve-se especificar se o indivíduo com autismo é verbal ou não-verbal e se tem déficit intelectual ou não.
É importante entender que o transtorno gera prejuízos significativos para o indivíduo, além disso alguns sintomas podem estar presentes em outros transtornos psiquiátricos, como TDAH, Transtorno de Comunicação Social Pragmática, transtornos de linguagem e/ou aprendizagem, etc. O Diagnóstico é clínico, mas em muitos casos podemos lançar mão de instrumentos multidisciplinares para corroborar a avaliação clínica, como por exemplo a Escala de Observação Diagnóstica do Autismo -2 (ADOS-2), avaliação fonoaudiológica, avaliação neuropsicológica, etc. Vale salientar que muitas síndromes genéticas estão relacionadas ao autismo infantil, sendo necessária avaliação de médico geneticista na suspeita dessas enfermidades genéticas.
Tratamento
O Tratamento envolve substancialmente atendimentos psicológicos, fonoaudiológicos, ocupacionais e fisioterápicos, em modalidade comportamental (Análise Comportamental Aplicada, Early Start Denver Model , Comunicação Aumentativa e Alternativa, Terapia de Desenvolvimento Social, Integração neurossensorial, Terapia Fonoaudiológica, etc). Muitas vezes também faz-se necessário atendimento psicopedagógico para auxiliar possíveis déficits de aprendizagem formal. No caso do atendimento psiquiátrico, é voltado para a remediação de sintomas muito intensos ou refratários aos atendimentos multiprofissionais, além disso é necessário uso de medicação para comorbidades psiquiátricas relacionadas ao autismo (como transtorno de ansiedade).