Diversidade Sexual e de Gênero
Psiquiatra e Psicoterapeuta da infância, adolescência e idade adulta
A identidade de gênero e a orientação sexual são conceitos que dizem respeito a como o indivíduo se compreende, no que diz respeito ao seu gênero e a quem ele se atrai romanticamente, emocionalmente e/ou sexualmente. Nenhuma dessas apresentações de identidade são de origem patológica, pelo contrário, são formas da expressão individual típicas da espécie humana.
A despeito disso, muitos dos indivíduos que se distanciam de uma norma cultural sofrem o que chamamos de estresse minoritário. Pessoas com identidades e comportamentos não cisgênero e pessoas com orientações sexuais não heretossexuais sofrem, em sociedades como a nossa, estresses minoritários. Sofrer Transfobia e/ou Homofobia, pontualmente ou sistematicamente, vulnerabiliza o indivíduo ao desenvolvimento de transtornos mentais como depressão, ansiedade e abuso de substâncias.
Como é a abordagem do Dr. Lucas Rocha?
Entendendo que a diversidade sexual e de gênero faz parte do ser humano, é possível tratarmos de questões importantes e prejudiciais para o processo de individuação, como a transfobia antecipada, transfobia internalizada, homofobia antecipada, homofobia internalizada, estresse minoritário distal e proximal, etc. A percepção e acolhimento desses aspectos nos permitem uma orientação mais genuína quando caminhamos nas terras do autoconhecimento voltadas para o gênero e para a orientação sexual.
Disforia de Gênero
Sintomas
Trata-se do desconforto significativo ou a angústia importante associadas à discrepância entre o gênero designado no nascimento e a identidade de gênero vivenciada pela pessoa. É importante abordar a disforia de gênero de uma perspectiva científica, reconhecendo-a como uma condição médica válida que pode afetar a saúde mental e o bem-estar das pessoas. Contudo é importante entender que existem diversas formas de angústias relacionadas ao corpo que podem ser confundidas com a disforia de gênero, levando a necessidade de um olhar demorado para o entendimento de sintomas.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através da entrevista psiquiátrica, onde devemos pesquisar elementos referentes ao processo de construção do comportamento de gênero, identidade de gênero e orientação sexual. neste processo é importante diferenciar os desconfortos no corpo referentes ao gênero de outros possíveis desconfortos presentes em outras condições como Dismorfismos corporais, transtornos alimentares, Transtornos de personalidade, vergonha corporal, distorções cognitivas em relação ao corpo, imaturidade sexual e crenças individuais sobre seu corpo e o que ele representa nas relações interpessoais. A Disforia de Gênero é uma condição não patológica e transitória, onde após se estabelecer condições corporais favoráveis à identidade de gênero do indivíduo, reduz-se a sua importância. A transfobia é muito mais danosa e vulnerabiliza o indivíduo de forma penetrante tanto na sua relação com o mundo, quanto na relação consigo mesmo, devendo ser combatida por mecanismos socioculturais e legais.
A importância do Psiquiatra
Como a disforia de gênero e a transfobia são elementos que vulnerabilizam o indivíduo para o adoecimento psiquiátrico, essa é a especialidade incubida de acompanhar pacientes que desenvolvem morbidades psiquiátricas por conta dessas experiências. Medicamentos podem ser utilizados em quadros psiquiátricos que possam surgir, mas o grande foco é a psicoterapia individual e de grupo, fortalecendo os indivíduos para lidar com tais condições. Através do atendimento especializado é possível encaminhamento para intervenções médicas e não médicas de afirmação de gênero.
Transfobia
Impactos no bem-estar
Ser vítima de Transfobia impacta o indivíduo de muitas formas, agrupadas em dois elementos. A Transfobia internalizada, quando o indivíduo passa a se reconhecer como inferior, incapaz, merecedor de sofrer violências por ser um indivíduo trans. Já a Transfobia antecipada é quando o indivíduo acredita que sofrerá transfobia em ambientes ou relações antes mesmo de experimentá-las.
Sintomas de Estresse Relacionados
Esse estresse minoritário se consolida quando o indivíduo se percebe cada vez mais deixando de frequentar ambientes culturais saudáveis, isola-se socialmente, não consegue cultivar relações interpessoais saudáveis, experimentar relacionamentos amorosos bem como construir uma carreira ou trabalhar em algo que faça sentido.
A importância do Psiquiatra
O apoio principal é o psicoterápico, tentando desconstruir essas crenças através do afeto e da experiência, atentando-se para morbidades psiquiátricas que possam surgir ao longo dessas vivências.
Apoio e Intervenções
Além das intervenções afirmadoras de gênero (hormonização, peças de vestuários afirmadoras de gênero, cirurgias, etc) é preciso dar endereço para os sentimentos que possam surgir diante das violências sofridas. estimular o indivíduo a socialização e às relações amorosas, de forma atenta e consciente. Faz-se também necessário o estímulo à coletivizar-se e desenvolver mecanismos sociopolíticos para resistir e defender-se de tais violências.
Homofobia e Bifobia
Impactos no Bem-Estar
Ser vítima dessa violência desenvolve no indivíduo algo semelhante ao descrito acima, mas com maior camuflagem pelo indivíduo. A Homofobia internalizada é quando o indivíduo passa a se entender como inferior, incapaz, menos importante e digno de sofrer agressões ou violações de direitos pelo fato de não ser heterossexual. Já na Homofobia antecipada, o indivíduo tem crenças e medos antecipados que lhe dão certeza de que vão sofrer homofobia em locais e/ou relações que não vivenciaram ainda, como ir a um restaurante ou entrevista de emprego.
Sintomas de Estresse Relacionados
Disfarçar elementos que podem denunciar sua orientação sexual, busca excessiva por perfeccionismo no trabalho e nas relações, comportamento esquivo de ambientes ou situações que possam alarmar as pessoas sobre sua orientação sexual, etc. Passar por esse estresse também favorece o isolamento social e a família, além de vulnerabilizar o indivíduo ao desenvolvimento de transtornos mentais ao experimentar estressores relacionados a homo/bifobias.
A importância do Psiquiatra
O psiquiatra é o médico capacitado para reconhecer morbidades psiquiátricas que possam estar envolvidas com a angústia e estresse por ser vítima da homofobia e bifobia. Mesmo que pontualmente, tais experiências precisam ser pesquisadas por deixarem marcas pervasivas no desenvolvimento do indivíduo.
Apoio e Intervenções
A orientação e psicoterapia são os principais acompanhamentos para pessoas vítimas dessas violências. O terapeuta, através do afeto e humanização, pode gradativamente ir desconstruindo pouco a pouco as crenças e imposições sociais presentes na mente de vítimas desse estresse minoritário. Aqui também se faz necessária a coletivização e organização sociopolítica como forma de defesa e proteção contra tais violações de direitos, dando lugar para essas experiências como agressoras passíveis de punições legais.